O Fundador
Filho e neto de lavradores, Virgílio Claudino Esteves, nasceu na aldeia de Ferro, concelho da Covilhã a 13 de Fevereiro de 1932. Filho mais velho de António Esteves, lavrador, e de Ana da Conceição Claudino.
Depois da instrução primária na aldeia, com apenas 17 anos e a pedido do seu pai, abandona Ferro na expectativa de mudar de vida. Ruma Lisboa com a ambição de aprender contabilidade.
Fascinado pela vida na grande cidade, envia uma carta ao seu pai a comunicar a intenção de permanecer na capital. Na Praça Ilha do Faial, numa loja de material de construção tem a sua primeira experiência profissional, onde aprende não só a comercializar materiais de construção como a aprofundar seriamente todos os detalhes deste negócio. O seu primeiro ordenado foi de 400 escudos. E permanece nesta casa durante 5 anos.
Aos 23 anos constitui a sua primeira sociedade com a empresa Fábrica de Mosaicos do Barreiras, com capital social de 300 contos, vicissitudes várias levam à sua venda passados 3 anos.
Após este período decide montar a empresa SANIMAR em 1955 (iniciais de sanitas e mármores, apesar de nunca ter comercializado mármores), que teve início na Rua Gonçalves Crespo em Lisboa.
E dois anos depois, a SANITECS em parceria com a Fundição de Oeiras, uma empresa que produzia caixas para guardar botijas de gás.
Aos 26 anos casa-se com Maria Cristina, e em 1958 faz a sua primeira viagem de carro ao estrangeiro, o destino é uma exposição em Bruxelas. Esta viagem marca-o profundamente, como uma abertura dos olhos para o mundo, pois ficou maravilhado com o que viu, e volta muito mais rico em termos de pensamento e ideias.
No seguimento desta viagem, inicia um processo de modernização do seu negócio. Começa a fazer importações de loiça vitrificada e acompanha todas as feiras de loiça na Europa, a sua grande paixão. Reformula a fábrica, deixa de fabricar mosaicos de pastas e passou a fabricar marmorite.
No decorrer da sua atividade começa importar azulejos e ladrilhos de Itália, impulsionando de forma evidente a empresa SANIMAR, chegando mesmo a ter várias filiais de norte a sul de Portugal com uma faturação de 450.000 contos ano, algo não muito usual no ramo naquela época.
Sempre com intuito de evoluir e inovar, monta em 1963 uma fábrica de móveis de cozinha, Cozinhas Susana, torna-se sócio de praticamente todas as Câmaras de Comércio europeias, e compra um terreno em Loures para uma futura fábrica de revestimentos. É também nesta época que cria os azulejos boleados que rapidamente se tornam um sucesso.
Com o 25 de Abril de 1974, e em face das grandes alterações politicas e sociais, a vida do empresário toma um rumo diferente. Apanhado de surpresa em Itália por um mandato de captura em Portugal, o empresário ruma ao Brasil onde permanece um ano e meio.
No período revolucionário, é surpreendido a 12 de Julho de 1974, pela intervenção na sua fábrica, liderada pelo primeiro-ministro Vasco Gonçalves, que até aquela data havia sido um excecional cliente da SANIMAR e amigo do empresário. Apoderam-se da fábrica que vem a falir 3 anos depois.
Em 1977, cria a SOMIT – Sociedade de Madeira Industrializada, no entanto a sua saúde começa a apresentar alguns sinais preocupantes, provocados pelo enorme stress vivido durante o período revolucionário.
No final do Verão de 1981, passa a ser assistido por um médico em Madrid, que lhe administra medicação específica durante quase 3 anos o que o leva a rever os hábitos alimentares. O vinho, que tanto apreciava, é substituído por refrigerantes.
É nesta fase menos boa que em conversa com o empresário Belmiro de Azevedo, lhe comunica não estar nas melhores condições para continuar à frente da empresa e que o empresário seria a pessoa certa. Num período de muito investimento, e que marca o início dos híper mercados Continente, a SOMIT é vendida, sendo que ainda hoje existe e mantém o mesmo logotipo criado pelo fundador.
Em 1988, entra no ramo imobiliário com a transformação de uma quinta na Venda do Pinheiro, numa urbanização com 18 moradias, em sistema de condomínio fechado, com piscina, campo de ténis e jardim.
Em 2000 decide reformar-se.
Nunca tendo tido filhos por infertilidade dentro do casal, nunca decidiram conhecer o motivo para não perturbar o grande amor e companheirismo que até hoje os une, Virgílio Esteves e a esposa, decidem então criar a Fundação "Virgílio Esteves", que foi aprovada a 23 de Outubro de 2002, e cumprem assim o sonho de ter uma grande família com o apadrinhamento de mais de meia centena de crianças com dificuldades, principalmente filhos de mães solteiras.